A união formou uma grande família: 12 filhos, 33 netos, 40 bisnetos e três tataranetos.
A festa das Bodas de Vinho, como é chamada a celebração de sete décadas de casamento, conseguiu reunir a maior parte dos familiares. O evento foi realizado na cidade em que Albertino e Lidia moram há 30 anos: Guarapuava, na região central do Paraná.
A união do casal passa pelos três estados do Sul do Brasil. Ele, catarinense, casou-se com a gaúcha em Porto União, município de Santa Catarina que faz divisa e é cidade irmã de União da Vitória, no sul do Paraná – estado onde vivem juntos até hoje. Saiba mais abaixo.
Casal celebrou Bodas de Vinho neste ano — Foto: Hemerson Carlos de Souza/Arquivo pessoal
Para eles, é uma alegria imensa completar tantos anos de vida juntos. O g1 perguntou a eles quais conselhos dão para manter um relacionamento por tanto tempo, e Albertino e Lidia foram unânimes: paciência e respeito são “o segredo”.
“Nunca trocamos uma palavra bruta, brusca, nunca. Sempre usamos a calma”, disse Albertino.
“É só ter paciência e amar um ao outro”, completou Lidia.
Palavra de especialista
A psicóloga Camila da Silva Eidam de Lima destaca que a primeira coisa é entender que não existe relacionamento sem dificuldades.
“A convivência automaticamente tem seus desafios, seus momentos de mais tensão. […] Às vezes a gente precisa também ceder, ter um pouco mais de paciência”, orienta.
Na análise da psicóloga, nos momentos mais difíceis o casal deve lembrar que a importância do relacionamento é maior que todos os problemas.
Não depositar as próprias expectativas no outro também é um exercício que deve ser constante, segundo ela.
“Quando a gente começa a depositar no outro essa expectativa, que o outro vai arrumar a minha vida, que o outro vai ser aquilo que faltava, a gente dá a ele uma tarefa que não cabe a ele. Cada pessoa veio ao mundo para ser feliz, para viver sua vida, para ir atrás dos seus sonhos, e não pra fazer alguém feliz. O que faz com que a gente fique feliz num relacionamento é que os dois estão bem, mas tenha essa clareza que o que faz bem é a junção”, esclarece a psicóloga.
Quando há dificuldades de entendimento, falta de diálogo e o casal não consegue resolver as situações entre si, o conselho de Camila é buscar ajuda profissional.
“A gente tem que ter esse olhar de também saber que às vezes não é só o outro que está errado, eu também posso estar errado. E também ter essa iniciativa de perceber que eu não estou bem, que o outro não está bem, e incentivar a busca por ajuda”, aconselha.
Primeiro encontro no Carnaval
Foto do casamento de Albertino e Lidia, em 1953 — Foto: Arquivo pessoal
Albertino Marangoni nasceu em 21 de setembro de 1931 em Nova Veneza (SC). Lidia Maria Spinelli nasceu em 7 de agosto de 1936 em Caxias do Sul (RS).
Nos anos 1950, as famílias dos dois moravam em Porto União, no norte de Santa Catarina, na divisa com o Paraná.
Lídia soube da existência de Albertino quando começou a comprar queijos da mãe dele. Na época, ele servia ao Exército e dificilmente conseguia ir para casa.
No Carnaval de 1951, o militar conseguiu folga. Ao chegar na localidade onde morava, viu de longe o baile que estava sendo promovido na igreja da região.
Ainda fardado e com a mochila nas costas, resolveu entrar no salão.
Ao ver Lidia e os irmãos, pediu permissão para acompanhar a jovem durante o evento – e conseguiu. A noite passou, Albertino acompanhou os Spinelli até a casa da família e no fim do feriado voltou ao quartel.
Romance por cartas
Meses depois, Albertino estava no quartel quando recebeu uma carta com um envelope diferente daquele que a mãe costumava enviar. Era uma correspondência de Lidia dizendo querer conhecê-lo melhor.
A iniciativa da jovem foi o pontapé inicial para uma série de troca de cartas. A fase foi tão importante para o casal que algumas estão guardadas até hoje.
Carta trocada pelo casal em 1951 — Foto: Arquivo pessoal
Lidia e Albertino se casaram em 18 de julho de 1953 em Porto União, Santa Catarina. Desde então já moraram em cinco casas e em quatro cidades.
Em 1968 o casal se mudou para São Jorge do Oeste, no sudoeste do Paraná, e em 1980 para Pinhão, na região central do Paraná.
Desde 1983 eles moram Guarapuava. A casa fica nos fundos da loja da família que, atualmente, é administrada por um dos filhos para o casal ter a folga e aposentadoria que merecem.
Albertino e Lidia celebram 70 anos de casados em 2023 — Foto: Hemerson Carlos de Souza/Arquivo pessoal
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Link original da notícia: https://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/noticia/2023/09/02/bodas-de-vinho-casal-se-conhece-em-carnaval-comeca-relacionamento-por-cartas-e-completa-70-anos-de-uniao-no-parana.ghtml