Segundo a Polícia Civil, por conta do adiantado estado de decomposição, os corpos dos adolescentes foram encaminhados ao Departamento Médico Legal (DML) de Vitória para serem necropsiados e, posteriormente, liberados para os familiares.
A corporação explicou que a primeira tentativa de identificação é por meio de digitais, entretanto, apenas em um dos corpos foi possível realizar a coleta de amostras. Nos casos em que não é possível realizar a identificação por meio de digitais, o DML utiliza outros meios de identificação, o que inclui análise de arcada dentária ou, em último caso, identificação por DNA.
Entenda
De acordo com os familiares, dos três adolescentes, apenas o Kauã tinha carteira de identidade. Carlos Henrique e Wellington não tinham documentos com as digitais cadastradas, o que dificulta a confirmação oficial da identidade dos garotos.
A Prefeitura de Sooretama, então, mobilizou um transporte para trazer um familiar de cada um dos meninos até Vitória, a fim de otimilizar o reconhecimento e a liberação dos corpos.
No entanto, como os corpos foram encontrados em adiantado estado de composição, não foi possível o reconhecimento das vítimas visualmente e que, devido a ausência de documentos com digitais dos dois garotos, o protocolo vai ser realização da análise dentária ou teste de DNA, no qual o resultado pode demorar até 45 dias.
O pai de Kauã, o único adolescente que tinha documento com digital, também explicou que não conseguiu liberar o corpo do filho.
Ainda de acordo com os familiares, os responsáveis pelos garotos foram orientados a fazer a coleta para o teste de DNA na próxima segunda-feira (4) no Departamento Médico Legal (DML) de Linhares, localizado na Região Norte, e o prazo começa a ser contado a parte desta data.
Famílias lamentam
Familiares de adolescentes desaparecidos em frente a delegacia de Linhares, ES. — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Ao saber que não seria possível liberar os corpos, o irmão de Welligton lamentou a situação e disse que isso só reforça o sofrimento entre as famílias.
“Nossas famílias estavam juntas desde o início, por que não liberar os três todos juntos? Se tiver que sofrer, sofrer uma vez só, entendeu? É meio angustiante porque você acaba sofrendo duas, três vezes. Além dos dias que você esperou uma resposta, esperar mais 45 dias pra poder sair um DNA e enterrar meu irmão. Só de saber que vai ter enterrar um filho, um parente, um irmão, é complicado. Imagina ter que esperar…”, disse Wesley Gomes Simon.
Vítimas da guerra do tráfico
De acordo com o Secretário de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), Alexandre Ramalho, os adolescentes foram vítimas da guerra do tráfico da região. Os meninos desapareceram após um tiroteio registrado em Areal, em Sooretama, bairro vizinho onde eles moravam.
“Esses jovens vão, por curiosidade, segundo a família, até o bairro Areal, para verificar uma situação de que uma pessoa tinha sido baleado. Lá, aquela pessoa que morreu seria da Baixada (onde os adolescentes moravam). Então, quando eles (os criminosos) souberam que aqueles três jovens pertenciam à Baixada, eles fizeram a apreensão deles e uma série de crueldade, que não vamos relatar em respeito à família”, disse Alexandre Ramalho.
Luto
Após a confirmação da localização dos corpos, a Escola Professor Alberto Stange Junior decretou luto pela morte dos adolescentes e colocou uma faixa preta no portão da unidade.
Escola coloca faixa de luto após localização dos corpos dos adolescentes em Sooretama, ES — Foto: Cristian Miranda
A Prefeitura de Sooretama também publicou uma nota oficial decretando luto oficial de três dias pela memória dos adolescentes Kauã, Carlos Henrique e Wellington.
“Comunicamos com pesar que os adolescentes Wellington Gomes Simon, Carlos Henrique do Nascimento Trajano e Kauã Loureiro Correia foram encontrados sem vida na tarde desta sexta-feira. Neste momento de dor e sofrimento, nos solidarizamos com os familiares e amigos dos adolescentes e rogamos a Deus para que conforte o coração de todos”, informou a nota.
Localização dos corpos e três detidos
Local onde os corpos de 3 adolescentes que estavam desaparecidos em Sooretama (ES) foram encontrados — Foto: Viviane Maciel/TV Gazeta
Na tarde desta sexta-feira, os corpos de Kauã, Carlos Henrique e Wellington Gomes, , foram encontrados pela polícia em uma área de plantação de eucalipto em Sooretama, no Norte do Espírito Santo. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, a localização só foi possível, após a prisão de dois homens e a apreensão de um adolescente suspeitos de participação no crime.
A polícia informou ainda que o primeiro a ser detido foi um motorista de aplicativo, de 43 anos, em Sooretama, na quinta-feira (31). O indivíduo é responsável por transportar os adolescentes para a área onde foram cruelmente assassinados.
Área de plantação onde os corpos foram encontrados em Sooretama, no Norte do ES — Foto: Reprodução
Em seguida, as diligências apontaram ainda a participação de um adolescente, que havia fugido do município onde ocorreu o crime para o bairro Jardim Carapina, na Serra, Grande Vitória. O suspeito foi apreendido também na quinta-feira.
Logo em seguida, de acordo com a corporação, mais diligências foram realizadas e a polícia identificou a participação de Marcos Vinícius Coutinho de Carvalho, o Caíque, de 20 anos, que é apontado como chefe do tráfico de drogas do bairro Areal, onde houve o tiroteio antes do desaparecimento dos meninos.
Marcos foi preso na sexta-feira (1°), após troca de tiros com militares.
Ainda de acordo com a corporação, investigação segue em andamento por meio da Delegacia de Polícia de Sooretama, que conta com apoio da Superintendência de Polícia Regional Norte, do CIAT Norte, da Delegacia Regional de Linhares e da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Linhares.
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Link original da notícia: https://g1.globo.com/es/espirito-santo/norte-noroeste-es/noticia/2023/09/02/corpos-de-adolescentes-mortos-no-es-vao-passar-por-exame-de-dna-e-liberacao-pode-demorar-45-dias.ghtml