Dia da Árvore: Sede da COP em 2025, Belém precisa de arborização o mais rápido possível, diz especialista

Dia da Árvore: Sede da COP em 2025, Belém precisa de arborização o mais rápido possível, diz especialista

Dia da Árvore: Sede da COP em 2025, Belém precisa de arborização o mais rápido possível, diz especialista

“Belém precisa de arborização, isto é um fato. E temos que fazer o mais rápido possível”, declara o professor.

Há dois anos, Belém estava entre as cidades com menor número de árvores da América Latina, de acordo com dados divulgados por setores envolvidos com o meio ambiente. A Secretaria de Meio Ambiente da capital (Semma) não informou qual o atual posicionamento da capital no ranking de arborização até a manhã desta quinta-feira (21).

A primeira etapa do inventário de árvores da capital paraense foi divulgada no início do mês de setembro pela Prefeitura. Dois bairros foram mapeados, Fátima e Marco, que somam 3.422 árvores. O bairro de Nazaré, onde fica localizada a Basílica Santuário, local que recebe a imagem de Nossa Senhora de Nazaré ao final do Círio, está sendo mapeado pela Ufra.

“As pessoas dizem ‘tá quente’, ‘precisa de árvore’, mas para além disso, precisamos saber onde tem pouca ou muita árvore na cidade, qual é a temperatura da cidade, para que possamos indicar quais árvores são mais indicadas para cada lugar”, explica brevemente Cândido Ferreira.

Ele diz que o levantamento e o plantio de novas árvores vai ajudar no conforto térmico dos ambientes e consequentemente possibilita a sustentabilidade, melhora a biodiversidade, a interação social e a questão econômica.

“É fácil observar isto. Em uma praça com boa arborização, é possível ver um maior quantitativo de pessoas, logo há pessoas com suas vendas de comida, de brinquedos, mesmo que sejam horários de sol forte, porque onde há árvores, há tolerância da temperatura, além de existir grande número de pássaros, insetos e outros seres vivos. Tudo isto está ligado à arborização”.

Praça da República, em Belém, possui túnel de mangueiras e torna temperatura mais confortável para visitantes — Foto: Alessandra Serrão/Comus

A capital paraense possui uma temperatura média de 33ºC, segundo o Inmet, e já há registros de de sensação térmica de 38ºC. Com o aviso de onda de calor emitido pelo Instituto de Metereologia, Belém pode ter aumento de 1,5ºC na temperatura média.

No bairro de Fátima, por exemplo, a temperatura média pode ficar entre 40ºC e 44ºC. Já no Marco, fica em 39ºC. “Uma diferença grande”, avalia o professor.

Maior quantidade de pessoas, aumenta necessidade de árvores

O contexto atual é preocupante quando se pensa no número de visitantes previstos para a COP 30. Cerca de 60 mil pessoas devem visitar Belém.

“Chegando mais gente, precisamos de mais árvores. Não é algo que se consegue resolver do dia para a noite, mas precisamos resolver”, diz Cândido Neto.

Além do mapeamento de árvores, que informa a qualidade e a quantidade de vegetais, os pesquisadores também mapeiam a temperatura de cada bairro.

Bairros com nomes originados de árvores tem perdido a característica

Muitos bairros de Belém possuem nomes de árvores que caracterizavam a área, a exemplo do bairro do Umarizal, palavra criada a partir de Umarizeiro, espécie que não se vê mais com facilidade no bairro.

O professor diz que de fato algumas plantas características de bairros têm sumido porque não houve replantio.

“Em determinadas épocas vira moda plantar determinada planta, por exemplo, o Ipê. Fica bonito, mas não é uma árvore indicada para sombreamento. Na época que está mais quente em Belém é quando o Ipê floresce e as folhas caem. Ela é ótima para paisagismo, mas para arborização, não”, diz.

A capital possui diversas espécies, apesar de ser conhecida como “A Cidade das Mangueiras”. Nos dois bairros mapeados, além de mangueiras, são encontradas em grande quantidade a castanhola e a fícus.

Com a previsão de readequação das espécies, ele diz que não haverá extinção.

“Vimos que a Fícus acaba levantando a calçada e tem grande risco de queda nesses bairros, então vamos precisar fazer a readequação, mas isto não significa extinção das espécies. Nosso trabalho também passa pela preservação da história das árvores”.

Mapeamento deve ser feito até final de 2024

Mapeamento de árvores em Belém deve ser concluído no final de 2024 — Foto: Arquivo Pessoal/ Cândido Ferreira Neto

O projeto de mapeamento das árvores de Belém surgiu antes do anúncio da realização da COP 30. O professor da Ufra diz que o problema de arborização na capital paraense é antigo.

“A cidade não possui dados sobre as plantas existentes e observando questionamento de pessoas sobre o calor, temperatura, e até mesmo sobre as espécies existentes, foi que criamos esse projeto de mapeamento, que vai contribuir para a COP e também vai deixar um legado para os moradores de Belém”, diz o doutor.

O projeto de mapeamento possui três linhas de trabalho:

  • Levantamento florístico – mapeamento da quantidade e qualidade das árvores, de indivíduos (vegetais) se tem e as espécies existentes em cada bairro; além de observar se há pragas, ervas de passarinho, levantamento de calçada, o que possibilita a produção de um diagnóstico que é repassado para Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
  • Levantamento ambiental – mensura bairros que têm maior ou menor arborização e mede temperaturas.
  • Educacional – divulgação em escolas para conscientizar sobre a importância da arborização.

Como ajudar no processo de arborização

O especialista chama atenção para algo pouco falado: não pode ser qualquer árvore para ser plantada.

Ele alerta que a escolha da espécie para determinado local precisa levar em consideração se o vegetal terá ricos de queda, se afetará o solo, e diz ainda que não é indicado plantar no final de uma calçada ou perto do meio fio.

Plantio deve levar em consideração local e espécie para que não cause prejuízos futuros, e sim, sombra para a cidade — Foto: Fernando Sette/Comus Belém

“Se você quer plantar uma árvore, o primeiro de tudo é contactar a Secretaria de Meio Ambiente de Belém para que os técnicos verifiquem qual é a espécie e se ela é adequada para o local. Indicamos uma espécie chamada ‘Pau Pretinho’, por ter um bom sombreamento, mas outras questões devem ser avaliadas. Além disto, é preciso cuidar do vegetal, não pregar pau, pregos, isso prejudica o vegetal”, diz o professor.

Cândido alerta ainda para a poda e diz que já foi feito contato com a concessionária de energia do estado para orientar uma melhor podagem das árvores na realização de manutenção da fiação elétrica.

“A podagem mal feita pode desequilibrar o vegetal. Se bater um vento forte, a árvore pode cair”, alerta.

A necessidade do retorno às origens

“Tenho dito está na hora da gente retornar, se aproximar da natureza. Ela está gritando, pedindo socorro, e daqui a pouco vamos gritar socorro junto com ela”.

Entre o inverno e a primavera na maior parte do país, há registros e alertas sobre onda de calor. Algumas cidades apresentam temperatura de 40ºC. Para o professor, é a resposta da natureza por a deixarmos de lado e não conseguir entender como funciona a questão da sustentabilidade.

“Eu tenho filhos e mostro a questão das praças, onde há conforto e onde não, e o quanto a falta de arborização faz mal à saúde. Por isso a importância da educação nesse processo. Se tem mais árvore, todos ganham”.

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Link original da notícia: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2023/09/21/dia-da-arvore-sede-da-cop-em-2025-belem-precisa-de-arborizacao-o-mais-rapido-possivel-diz-especialista.ghtml

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