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Para reduzir esses números e conscientizar a sociedade como um todo sobre violência contra a mulher, a PM criou a Patrulha Maria da Penha em 2019, inicialmente atuando em Rio Branco, mas atualmente presente em todos os batalhões do estado.
Em entrevista ao Jornal do Acre 1ª Edição, a coordenadora da patrulha, capitã Priscila Siqueira, fez um balanço de ações deste quatro anos. As equipes da Patrulha Maria da Penha já fizeram mais de 12 mil atendimentos em todo o estado, prestando apoio direto a mais de 3,5 mil mulheres que precisaram de ajuda e orientação para superar o ciclo de violência.
“São quatro anos protegendo mulheres e um dado muito importante que é que não houve feminicídio entre as atendidas pela Patrulha Maria da Penha. Em um período que houve tantas mulheres sendo mortas pelos companheiros, as atendidas pela nossa patrulha não sofreram esse tipo de crime, que é o feminicídio, o último degrau da violência contra a mulher”, pontua.
Assim que a justiça defere um pedido de medida protetiva para aquela mulher, ela passa a ser monitorado pela patrulha. Se o agressor for pego quebrando a medida, ele vai preso em flagrante. Caso não haja o flagrante, a PM faz um relatório à Justiça informando a quebra da medida.
Até junho deste ano, o Acre tinha mais de 9 mil processos por violência doméstica contra mulheres e, destes, 57 eram casos de feminicídio.
Patrulha Maria da Penha também faz ações educativas — Foto: Joabes Guedes/Asscom PM-AC
Cultura extremamente machista
“Outra vertente do nosso trabalho é a visita preventiva. Além das visitas fiscalizadoras, abordamos sociedade, empresas, escolas, áreas comerciais e convidando as pessoas para enfrentar esse problema. A violência doméstica é responsabilidade das forças policiais, mas de toda a sociedade, porque o feminicídio é gestado dentro de uma cultura extremamente machista, porque os homens pensam que a mulher é sua propriedade, seu objeto. Quando a gente chama as pessoas para esse diálogo, a gente acredita que a consciência pode ser mudado e o comportamento de paz é estabelecido quando há essa mudança de consciência”, explica.
A expansão da Patrulha Maria da Penha para o interior, segundo a capitã, também ajuda na conscientização e nas ações que chegam a locais onde essa violência é mais recorrente, como em comunidades ou cidades mais distantes dos centros urbanos.
“Quanto mais interiorizado, mais normalizado o comportamento violento que muitas vezes nem a mulher tem consciência da violência que sofre. Durante operação shamar, tivemos oportunidade de visitar 16 dos 22 municípios e mostrar os diversos tipos de agressão, como puxão de cabelo, violência psicológica e até sexual – quando a mulher não quer ter relação, mas, mesmo assim é forçada pelo marido. Isso é uma violência sexual”, pontua.
A capitã destacou ainda que muitas mulheres vivem por anos o ciclo da violência devido à diferentes fatores – desde dependência emocional, financeira ou até por achar que o agressor vai mudar.
“A violência doméstica obedece um padrão de comportamentos, de fases, todo relacionamento inicia na parte boa, lua de mel, as pessoas se atraem, mas depois aumenta-se a tensão, seja até por um arroz que a mulher queima, discussões, puxões de cabelo. Mas, aí o homem chega com flores, diz que está arrependido e ela volta, porque tem filhos, e depois comete mais uma vez a violência e nisso a mulher vai vivendo 10, 20 e até 30 anos, mas estamos aqui para dizer que você não precisa quebrar esse ciclo de violência sozinha”, alerta. Mulher, você não está só”, alerta.
A PM disponibiliza os seguintes números para que a mulher peça ajuda:
- (68) 99609 3901
- (68) 99611 3224
- (68) 99610 4372
- (68) 99614 2935
Patrulha Maria da Penha celebra 4 anos de criação no AC e faz balanço das ações
VÍDEOS: g1
Link original da notícia: https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2023/09/20/em-4-anos-patrulha-maria-da-penha-fez-mais-de-12-mil-atendimentos-em-cidades-do-acre.ghtml