O boletim foi lançado em solenidade na manhã desta sexta-feira (1º). Na oportunidade, a Secretaria lançou um Protocolo de Abordagem à População LGBTQIAPN+.
Ao todo, foram analisados 849 boletins de ocorrência. Os dados apresentados no boletim revelam que 55,01% dos crimes foram patrimoniais, 11,06% contra a honra, 5,06% referem-se à violência física e 0,84% à violência sexual. Além disso, 49,9% das vítimas tinham entre 15 e 29 anos e 64% eram pardas ou pretas. Outro dado importante, é que 75,29% dos crimes foram praticados em Teresina.
Em entrevista ao g1, o sociólogo Weriquis Sales avaliou que o boletim mostrou um avanço e, ao mesmo tempo, conseguiu destacar as fragilidades no sistema para o acesso à proteção para a população LGBTQIA+.
“O boletim é um importante instrumento e avanço no que diz respeito a proteção de pessoas LGBTQIA+, principalmente porque o registro de violências contra essas pessoas é uma reinvidicação histórica dos movimentos populares de garantia de direitos para essa população. Na medida em que possibilita um conhecimento das violências que afligem as vidas de pessoas LGBTQIA+, aponta fragilidades em termos de organização do sistema de proteção a essa parcela da população. Por exemplo, quando temos mais de 75% das ocorrências registradas em Teresina, isso mostra a fragilidade do acesso à proteção de pessoas LGBTQIA+ nas cidades do interior do estado”, afirmou.
O sociólogo também destacou que a questão racial deve ser evidenciada para uma melhor análise de proteção e criação de políticas para a população mais afetada.
“Outro fator importante é o marcador racial. Os dados apontam para o entrecruzamento de violências e reafirmam a necessidade do estado em garantir ações mais especializadas de proteção à população negra”, finalizou.
Protocolo de Abordagem à População LGBTQIAPN+
SSP e Sasc lançam Protocolo de Abordagem à População LGBTQIAPN+ — Foto: SSP-PI
Além do boletim, a Secretaria também lançou um Protocolo de Abordagem à População LGBTQIAPN+ em solenidade que contou com a participação de representantes do Ministério Público do Piauí, Defensoria Pública do Estado do Piauí e comandantes da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros Militar.
Segundo a Secretaria, o Protocolo, surgiu após uma capacitação continuada sobre violência contra pessoas LGBTQIA+ dos policiais civis e militares, tem como objetivo garantir respeito e um atendimento humanizado na abordagem por agentes públicos estaduais das forças de segurança junto à população LGBTQIAPN+.
“Historicamente, a população LGBTQIAPN+ é ignorada e vulnerável pela questão do preconceito. O Protocolo de Atendimento à População LGBTQIAPN+ pelas forças de segurança irá padronizar o atendimento, garantindo o respeito a todos os direitos humanos dessa população”, explicou Paula de Moura, gerente de Proteção aos Grupos Vulneráveis da SSP-PI.
*Estagiário sob a supervisão de Catarina Costa.
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Link original da notícia: https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2023/09/01/piaui-lanca-primeiro-boletim-com-dados-sobre-violencia-contra-a-pessoa-lgbtqiapn.ghtml