Segundo o Corpo de Bombeiros, dez boxes foram atingidos. Não houve feridos.
“Quando cheguei, as chamas já estavam bem altas. E a gente tentou usar a mangueira, [mas] não saiu água do hidrante, que eles instalaram. Aqueles esguichos que eles botam para detectar também não funcionou. Não funcionou nada do mercado, nada”, disse o comerciante Edson Monteiro.
Edson administra, há 30 anos, junto com a esposa, uma casa que vende rações localizada ao lado de uma sapataria, onde, segundo os comerciantes, o fogo começou.
Um dos administradores da sapataria, Fernando Ferreira de Lima, que gere o negócio com a família, disse que também tentou controlar o incêndio.
“A gente tentou solucionar com o extintor. Não funcionou. O hidrante, que foi reformado agora há pouco, também não funcionou. Se tivesse funcionado, teria contido mais o fogo e o estrago não teria sido tão grande. Mas, graças a Deus, ninguém sofreu acidente”, contou.
Bombeiros trabalham na contenção de incêndio no Mercado da Encruzilhada — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Suspeita de furto
Fernando contou ainda que chegou ao mercado pouco antes do incêndio, por volta das 8h30, quando recebeu a informação de que dois homens estavam furtando a fiação do prédio.
“Um permissionário viu toda a situação, chegou, fez a reclamação na administração do mercado, mas não tinha ninguém. A gente ligou para a polícia, Guarda Municipal. Foi nesse tempo que a gente veio de lá para cá, foram mais ou menos 10 minutos. Quando a gente voltou, o fogo já estava na minha loja. […] Na hora em que eles roubaram [a fiação], deu algum curto-circuito e, através desse curto, pegou fogo nas lojas todas”, disse.
O g1 tentou falar com a administradora do mercado, que se identificou como Ângela Carla, mas ela não quis gravar entrevista nem mostrar o certificado de segurança contra incêndios.
O g1 também procurou a prefeitura do Recife e o Corpo de Bombeiros, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta.
‘Os clientes ficaram agoniados’
Gerente de um restaurante no Mercado da Encruzilhada, Flávia Alves, que administra o serviço com o pai, disse que estava no local quando o incêndio começou.
“A gente trabalha com café da manhã e almoço em dia de hoje. […] A gente soube da informação de que a sapataria estava pegando fogo, mas continuou atendendo os clientes. De repente, começou um cheiro de fumaça, os clientes começaram a ficar agoniados. Levantaram, todos correndo, porque, quando a gente olhou pelo lado de fora, para o teto, estava, realmente, muita fumaça”, contou Flávia.
Ainda segundo a permissionária, depois que os clientes foram embora, ela tirou o botijão de gás e esperou os bombeiros chegarem.
“Foi um susto muito grande. Porque era muita fumaça e muito fogo. Aquela área de dentro queimou toda. O fogo se alastrou muito rápido. E a gente não conseguiu fazer nada. Só olhar”, disse.
Telefone dos bombeiros fora do ar
O g1 tentou ligar para a corporação, pelo número 193, e para a polícia, pelo 190, mas, até o fim da manhã deste domingo (3), ambas as chamadas não estavam completando.
O Corpo de Bombeiros só chegou ao local mais de meia hora após o início do fogo. A sede da corporação fica a menos de 1,5 quilômetro do mercado.
Procurado, o governo do estado informou que os serviços telefônicos foram restabelecidos por volta das 11h30, após duas horas sem conexão, e que a falha ocorreu após o rompimento “de mais de 500 metros de fibra ótica” da empresa de telefonia, causado por vandalismo.
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Link original da notícia: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2023/09/03/extintores-e-hidrantes-do-mercado-da-encruzilhada-nao-funcionaram-dizem-comerciantes-incendio-destruiu-parte-do-predio.ghtml