No entanto, por serem ocupações relativamente novas e estarem em constante desenvolvimento, as diferenças entre elas nem sempre são nítidas para a maioria das pessoas. Um exemplo dessa dificuldade de distinção está nas ocupações de analista, cientista e engenheiro de dados.
Atividades operacionais, estratégicas e de infraestrutura
De forma comparativa, a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada (PPGIA) da Universidade de Fortaleza, Vládia Pinheiro, explica que o analista de dados se concentra em análises descritivas, criação de relatórios e tarefas mais operacionais — muitas vezes, com um escopo de atuação em conjuntos de dados mais limitados.
Já o cientista de dados atua de maneira mais abrangente, transformando dados em insights acionáveis que impulsionam a estratégia e a inovação. “Por sua vez, o engenheiro de dados é responsável por criar a base para o trabalho dos cientistas. Ele tem como foco a infraestrutura e a preparação dos dados para análise, garantindo disponibilidade e acessibilidade”, complementa a docente.
Apesar das diferenças, a professora Vládia Pinheiro observa que, na prática, em pequenas e médias empresas, é comum que o mesmo indivíduo exerça os três papéis ao longo do projeto de desenvolvimento de um sistema de Ciência de Dados e Inteligência Artificial.
No entanto, em grandes organizações, a separação de funções se torna mais evidente. Tendo em vista tal contexto, a coordenadora detalha as principais responsabilidades de cada um desses profissionais.
Desempenha um papel fundamental na coleta, organização e interpretação de dados para prover informações úteis às organizações. Tem como principal função fornecer análises descritivas dos dados, criando apresentações e visualizações simples que respondam a perguntas específicas sobre os dados e auxiliem tanto na tomada de decisões operacionais quanto na percepção de resultados e tendências. Entre as tarefas desse profissional estão:
- coleta de dados brutos,
- limpeza e transformação de dados,
- geração de dashboards e relatórios.
Exerce um papel fundamental na análise de dados complexos para extrair insights valiosos e informação significativa. Sua principal função é pensar em perguntas que as empresas e organizações desejam que os dados respondam.
Possui habilidades avançadas de comunicação, sendo capaz de traduzir resultados complexos em descobertas compreensíveis, as quais embasam empresas a tomarem decisões estratégicas. Assim, pode-se dizer que os cientistas de dados têm papel mais estratégico na identificação de oportunidades de negócios, inovação e criação de soluções orientadas por dados.
Profissional especializado em projetar, construir e manter a infraestrutura de dados necessária para o fluxo contínuo e eficiente de informações em uma organização. Ele também deve prover e garantir características como a escalabilidade, segurança e integridade dos dados, implementando soluções de armazenamento — como bancos de dados distribuídos, data lakes e data warehouses — e disponibilizando dados de qualidade para análises e tomadas de decisões.
Formação profissional e habilidades específicas
Quanto à formação, geralmente esses profissionais são oriundos de cursos como Ciências da Computação, Engenharias, Matemática, Estatística e Física. Mas é possível ainda acrescer outras graduações de onde eles podem despontar, assim como identificar habilidades técnicas e pessoais conforme as especificidades de cada ocupação.
Oportunidade de emprego em Ciência de Dados tende a crescer nos próximos anos, mas profissionais devem aliar habilidades atuais às necessidades futuras dos negócios — Foto: getty images
Analistas de dados, por exemplo, também podem vir de cursos como Economia e Administração. Em suas habilidades técnicas, pode-se destacar o uso de ferramentas de análise, como programas de Business Intelligence, planilhas e bancos de dados. Dentre os soft skills estão a proatividade, a diligência e o pensamento analítico, orientação aos detalhes e a tomada de decisões.
Além das formações já elencadas, os cientistas de dados podem ter a graduação em Economia também como base. Vládia Pinheiro cita como habilidades técnicas a programação de computador — como SQL, Python e R — e o conhecimento de domínio para modelar coleta, organização e processamento de grandes conjuntos de dados de diversas fontes. Como soft skills, destacam-se comunicação, pensamento analítico, tomada de decisão e inovação.
A coordenadora do PPGIA diz que a profissão de engenheiro de dados talvez seja a que mais exija conhecimento técnico especializado no âmbito da Ciência de Dados. “Principalmente em ferramentas de ETL, banco de dados, ferramentas para processamento de dados em larga escala e em nuvem computacional (cloud computing)”, reforça.
Como soft skills do engenheiro de dados, a professora menciona autodidatismo, pensamento analítico, resolução de problemas, orientação aos detalhes, proatividade e diligência. Por fim, além dos cursos listados anteriormente, a graduação em Engenharia da Computação também pode ser o berço teórico desse profissional.
Oportunidades de mercado
Em 2021, a demanda por experts da área de Ciência de Dados cresceu quase 500%. Estima-se que estas ocupações terão uma crescente busca até 2025, sendo consideradas as principais profissões do futuro, conforme indica o relatório de 2020 do Fórum Econômico Mundial.
Com o aumento da procura por profissionais que saibam lidar com grandes volumes de dados, analistas, cientistas e engenheiros de dados tornaram-se especialistas muito visados pelas organizações. As chances de atuação se estendem a empresas de praticamente todo o planeta, contribuindo para o fortalecimento da modalidade home office no setor.
“A natureza do trabalho, as ferramentas de colaboração e as tecnologias de comunicação modernas permitem que as tarefas sejam realizadas de maneira eficaz, mesmo à distância”, ressalta Vládia.
Vládia Pinheiro — Foto: acervo pessoal
“Profissionais de diversas áreas podem atuar com ciência de dados, desde que desenvolvam competências em técnicas, modelos, métodos e ferramentas para coleta, exploração, modelagem, integração e análise de dados para aplicações em negócios, além dos desafios relacionados a aplicações em Inteligência Artificial, como inferência e previsão” — Vládia Pinheiro, coordenadora e docente do Programa de Pós-Graduação em Informática Aplicada da Unifor
Prepare a sua carreira na Unifor
Segundo Vládia, para quem deseja ingressar na área, uma boa alternativa é iniciar pela ocupação de analista de dados. A professora enumera as possibilidades que a Universidade de Fortaleza dispõe para formação em Ciência de Dados.
“Na graduação, [a Unifor] oferece os cursos de Ciência da Computação e Engenharia da Computação, com uma trilha de formação para cientistas, analistas e engenheiros de dados”, pontua. Para quem já é graduado, a Pós-Unifor disponibiliza:
Em 2021, a demanda por experts da área de Ciência de Dados cresceu quase 500% — Foto: getty images
“Ainda no nível de pós-graduação e para uma formação mais aprofundada, a Universidade oferece os cursos Stricto Sensu de Mestrado e Doutorado em Informática Aplicada, com uma linha de pesquisa específica para Ciência de Dados e Inteligência Artificial”, complementa Vládia.
“O aluno pode ter certeza de que está entrando em um curso que tem corpo de professores e pesquisadores com conhecimento teórico e prático, e que assim contribuem para uma formação eclética, seja qual for o caminho que o estudante quiser trilhar”, destaca o docente.
Link original da notícia: https://g1.globo.com/ce/ceara/especial-publicitario/unifor/guia-de-profissoes/noticia/2023/09/08/qual-a-diferenca-entre-analista-cientista-e-engenheiro-de-dados.ghtml