“A gente se sente injustiçada porque a gente busca por justiça, mas isso também não abala nossa vontade que essa justiça aconteça. Muito pelo contrário, a gente está mais firme; querendo mais e mais seguir nessa luta”, disse Silvia Helena, mãe de um dos sobreviventes.
A matança, que ocorreu em 2015, ficou conhecida como “Chacina do Curió”. Além das mortes, eles foram julgados por outros crimes, como tortura física e psicológica. O Ministério Público vai recorrer da decisão.
“Essa luta não é só sobre as vítimas do Curió. Essa luta é sobre as vítimas em geral do que acontece no dia a dia das nossas periferias. A gente não vai fraquejar, vamos permanecer. Já temos quase oito anos de luta. Não é aqui que a gente vai parar”, complementou Silvia.
A Chacina do Curió ocorreu entre os dias 11 e 12 de novembro de 2015. Ao todo, foram registrados 11 homicídios consumados — a maioria, jovens — e três tentados, além de crimes conexos, como tortura.
“Nós sabemos que, dessa vez, esse júri seria difícil porque eles [réus] não são os autores do crime, mas eles foram omissos. Pela omissão deles, foi permitido que 11 pessoas foram executadas”, declarou Edna Carla, mãe de Alef Souza, um dos mortos.
Foram revogadas pela Justiça as medidas cautelares e restrições de direito dos oito réus dessa etapa do julgamento. A primeira parte do júri aconteceu em junho deste ano, quando quatro policiais militares foram condenados a mais de mil anos de prisão somados. Nesta segunda parte, os oito réus foram julgados no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza.
“Esse momento é para a gente refletir mais e mais porque, na próxima semana, já teremos outro júri. Então, a gente não se dá por vencido”, Ana Lúcia, viúva de José Gilvan Pinto Barbosa, também assassinado em 2015.
Julgamento mais longo do Ceará
Oito policiais são absolvidos da acusação de envolvimento em chacina com 11 mortos em Fortaleza. — Foto: Nadson Fernandes/TJCE/Reprodução
O segundo julgamento da Chacina do Curió se tornou o mais longo da história do Ceará na tarde do último domingo (3), durante o sexto dia de trabalhos da segunda fase do júri. O Tribunal de Justiça do estado explicou que processo foi desmembrado em três para facilitar a análise e agilizar os trabalhos. O TJCE designou um colegiado de três juízes para analisar e processar o caso.
Para a conclusão desse segundo julgamento, ainda restam debates entre acusação e defesa, leitura dos quesitos, votação dos jurados, redação e leitura da sentença. As atividades foram conduzidas pelo colegiado formado pelos juízes Marcos Aurélio Marques Nogueira (presidente do colegiado e titular da 1ª Vara Júri), Adriana da Cruz Dantas (17ª Vara Criminal) e Sílvio Pinto Falcão Filho (1ª Vara Criminal).
A terceira fase do julgamento está prevista também para este mês de setembro. Mais oito acusados serão submetidos a outro julgamento. Assim, em menos de um mês, 16 acusados do caso devem ser julgados.
Veja mais notícias do Ceará no g1 em 1 Minuto
Link original da notícia: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2023/09/06/familias-de-vitimas-da-chacina-do-curio-comentam-decisao-de-absolver-policiais-reus-a-gente-se-sente-injusticada.ghtml