Adriano Camilo sentiu mais falta do familiar principalmente durante a pandemia de coronavírus no início de 2020, quando sofreu isolamento provocado pelo vírus. Ele também havia o primeiro filho, o que fez aumentar a vontade de encontrar o próprio pai.
O filho decidiu buscar o pai, com quem não tinha nenhum tipo de contato desde a infância. Enquanto o desejo do reencontro se fortalecia, o pai lutava para sobreviver à Covid-19.
Sem saber da saúde do pai, o homem foi orientado a procurar a Polícia Civil. Após um mês de investigação, os policiais civis promoveram o reencontro familiar.
“Era tanta gente conhecida indo embora e eu me tornando pai naquele momento [da pandemia]. Veio aquela vontade de buscar ele, nem que fosse apenas para entender o que tinha acontecido. A paternidade me trouxe essa maturidade”, comentou Adriano Camilo.
Trauma provocado pela Covid-19
Morador de Tururu desde a infância, quando o interior era um distrito de Uruburetama, Joaquim Mesquita buscou, durante a juventude, a estabilidade financeira ao morar durante alguns anos em São Paulo e Fortaleza, cidade onde conheceu a mãe do seu filho, Adriano Camilo.
O relacionamento terminou, mas o filho cresceu e mesmo com poucos encontros durante a infância, amadureceu o interesse pelo reencontro. Sobrevivente da Covid-19, no período mais crítico da pandemia, quando a vacinação em massa ainda não tinha iniciado, ele contou com apoio do capacete Elmo, equipamento de respiração assistida criado por pesquisadores cearenses, para vencer a doença.
“Eu fiquei assim quando recebi uma ligação do inspetor Lindomar. Passei por uns momentos difíceis com a Covid-19, foi algo que me abalou muito. Passei treze dias no hospital e quase faleci, mas Deus está no comando. Fácil não foi. Quando me procuraram para encontrar com o Adriano, fiquei sem saber como reagir, conversei com a minha família e decidi vir. A pandemia levou muita gente e só estamos aqui contando essa história por Deus ser muito bom”, detalha.
Depois do primeiro impacto do reencontro, um pouco frio ainda por conta de tantos anos de separação, a conversa fluiu. Enquanto falavam sobre o passado, mencionando outras pessoas, fizeram chamadas para falar com outros parentes que estavam ansiosos pelo momento e o seu Joaquim conheceu, por fotos, o neto que nasceu na pandemia, em Fortaleza.
Distantes dos olhos curiosos que acompanharam o diálogo inicial, os dois trocaram telefones e combinaram novos encontros para ampliar os laços familiares.
Para o delegado Luís Rodrigues, titular da 12ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE), esses reencontros emocionam não somente os familiares, mas todos os policiais civis envolvidos.
“Isso é uma outra faceta do trabalho investigativo. Geralmente, a gente investiga para localizar e identificar a autoria, materialidade e circunstância de um crime. E agora, investigamos para restabelecer vínculos familiares. Isso é muito bom”, comentou o delegado.
Pessoas localizadas
Somente entre janeiro e julho deste ano, 472 pessoas foram localizadas com vida.
Além dos reencontros, a unidade especializada investiga os casos de desaparecimento em Fortaleza e presta suporte, quando necessário, às investigações das delegacias de interior, por conta do conhecimento técnico e humanístico da 12ª DHPP.
As investigações contam, em alguns casos, com apoio de outras forças e órgãos, como a Polícia Militar do Ceará, Perícia Forense do Estado, guardas municipais, gestão de hospitais, casas de acolhimento, entre outros.
Adriano Camilo de 39 anos e Joaquim Mesquita de 63 anos, filho e pai, se reencontraram com a ajuda da Polícia Civil do Ceará. — Foto: SSPDS/Divulgação
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