Em nota, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) destaca que foi solicitada a remoção de cadáver ao Instituto Médico Legal (IML) de Brasília e uma equipe de policiais civis foi ao hospital. A 1° Delegacia de Polícia (Asa Sul) investiga o caso (confira nota na íntegra abaixo).
Abraão Taveira participou do Curso de Cinotecnia — de preparação de cães — feito pela PMDF, e que tem uma das instruções coordenada pelo Corpo de Bombeiros do DF. No dia 30 de agosto os alunos estavam no Centro de Treinamento Operacional (CTO) dos bombeiros para uma aula em que foram vendados e jogados em uma manilha com água.
Segundo os militares, durante o exercício, o tenente bateu a cabeça e ficou submerso por alguns minutos. Quando foi retirado da manilha, ele estava em parada cardiorrespiratória.
Durante 38 minutos os socorristas tentaram reanimá-lo. O militar foi levado para o Hospital de Base de Brasília em estado grave.
De acordo com os participantes, a instrução guiada pelos bombeiros “não agrega em nada” e alguns falam em “tortura”. Segundo militares, além do policial de Alagoas, outros também se feriram durante a instrução.
Na quinta-feira (31), em nota conjunta, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar do Distrito Federal disseram que situações do curso “buscam alcançar todas as circunstâncias de atuação que o policial militar pode vir a ter que enfrentar”.
No mesmo dia, mais tarde, o Corpo de Bombeiros, em uma nova nota, informou que a atividade tinha como objetivo o resgate de vítimas em ambiente confinado ou em estruturas colapsadas com o apoio de cães. Além disso, a nota destaca que “um dos militares veio a ter um mau súbito” e que ele foi “prontamente retirado do local onde se encontrava” (confira nota completa abaixo).
O comandante da PM-AL, coronel Paulo Amorim, afirmou que, em conjunto com o secretário de Segurança Pública, nomeou um grupo de trabalho para acompanhar as investigações que estão sendo realizadas pelas instituições de segurança pública do Distrito Federal.
Em nota, a Associação dos Oficiais Militares de Alagoas cobra esclarecimentos sobre as circunstâncias que culminaram no acidente com o tenente (confira nota na íntegra abaixo).
Quem é o tenente
Tenente Taveira entrou na PM-AL em 2016. Ele é o comandante do canil do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).
Ele é um “cachorreiro”, termo utilizado para o militar capacitado para trabalhar com cães em operações policiais.
O que diz a PCDF
“A 1ª DP foi comunicada sobre ocorrência de afogamento de um policial e tenente militar, residente no Estado de Alagoas, o qual teria se afogado em uma manilha durante atividade chamada: Administração e Controle de Pânico, no último dia 30/08/2023, no Centro de Treinamento do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.
O tenente teria sofrido um mal súbito e permanecido submerso na água por algum tempo. A vítima foi socorrida e levada ao Hospital de Base, onde permaneceu internada na UTI. Na tarde desta sexta-feira (8/9), o plantão policial foi noticiado da morte do tenente naquele hospital.
Solicitada remoção de cadáver ao IML de Brasília. Equipe de policiais civis compareceu ao hospItal para diligências preliminares. A DP apura os fatos”.
O que diz o CBMDF
“No dia 30 de agosto de 2023, o CBMDF conduziu uma instrução especializada para militares do Curso de Cinotécnia, conforme solicitação da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
O treinamento foi realizado a fim de atender a demanda institucional da PMDF, e ministrado de acordo com os protocolos de segurança e documentos orientadores do CBMDF. A atividade, denominada “Administração e Controle de Pânico”, está vinculada ao resgate de vítimas em ambiente confinado ou em estruturas colapsadas com o apoio de cães.
Ao final dos exercícios, já no período noturno, um dos militares veio a ter um mau súbito, no percurso final nas manilhas horizontais, a situação foi rapidamente identificada pelo militar de segurança, sendo prontamente retirado do local onde se encontrava.
Com a constatação de ausência de pulso, iniciou-se as manobras de reanimação cardiopulmonar (RCP) pelas equipes de segurança presentes no local, e dada a urgência, outra viatura do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), com um médico a bordo foi acionada, posteriormente reforçada com a chegada da Unidade de Suporte Avançado (USA) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Os sinais vitais do militar foram reestabelecidos e o quadro clínico estabilizado, sendo imediatamente transportado ao Hospital de Base de Brasília (HBB).
Cumpre consignar que, durante o tempo das atividades, foi franqueado aos alunos o acesso livre à hidratação, bem como respeitados os intervalos de descanso entre períodos de atividades e de almoço, tudo conforme descrito em documentos preparatórios para a atividade.
Informamos ainda que as medidas administrativas cabíveis ao caso já foram adotadas, o CBMDF acompanha a recuperação do militar desejando sua pronta reabilitação”.
O que diz a Associação dos Oficiais Militares de Alagoas
“Os fatos precisam ser apurados com celeridade, independência e rigorosidade que o caso requer. Para isto, a Associação disponibiliza todo o seu aparato jurídico para funcionar como amicus curiae no processo judicial apuratório, uma vez que há evidente interesse institucional no esclarecimento dos fatos que repercutem profundamente nos direitos de nosso associado”, diz trecho da nota. Leia, abaixo, na íntegra:
A Associação dos Oficiais Militares de Alagoas, na condição de entidade representativa do Oficialato da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, vem a público manifestar seu posicionamento em cobrar o devido e necessário esclarecimento sobre as circunstâncias que culminaram com a hospitalização de seu associado, 1° Tenente PM Abraão da Silva Taveira, em decorrência de treinamento no Curso Operacional de Cinotecnia realizado pela Polícia Militar do Distrito Federal.
O Curso Operacional de Cinotecnia, ofertado pela PMDF, teve sua aula inaugural em 14 de julho deste ano. Seu objetivo, segundo site oficial da coirmã, é capacitar os policiais militares para exercerem o emprego de cães no policiamento, habilitando-os para cursos em especialização nesta área. O Ten Taveira, lotado no Batalhão de Operações Policiais Especiais da PMAL, era discente do curso em tela.
É notório que o cotidiano funcional dos Militares Estaduais é diferenciado por suas especificidades – treinamentos exaustivos, ambientes de trabalho imprevisíveis, altos níveis de tensão e estresse, dentre outros. E tais peculiaridades, quando não compreendidas e previamente analisadas, podem gerar ideias e ações preconcebidas que não potencializam o trabalho prestado a sociedade nem, tampouco, ajudam na valorização dos profissionais que formam estas instituições seculares de Segurança Pública (mesmo com o risco da própria vida).
A Assomal ratifica seu apoio incondicional aos familiares do Tenente Taveira e, sobretudo, à honra deste profissional que atua desde 2016 em defesa da sociedade alagoana. Os fatos precisam ser apurados com celeridade, independência e rigorosidade que o caso requer. Para isto, a Associação disponibiliza todo o seu aparato jurídico para funcionar como amicus curiae no processo judicial apuratório, uma vez que há evidente interesse institucional no esclarecimento dos fatos que repercutem profundamente nos direitos de nosso associado.
Por fim, conclama os associados da Assomal, familiares, amigos de Caserna e sociedade em geral a unir esforços, através de orações e boas vibrações, para a recuperação do Tenente Taveira”.
Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.
Link original da notícia: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2023/09/08/morre-tenente-da-pm-de-alagoas-ferido-em-treinamento-no-df-apos-10-dias-internado.ghtml