Além disso, o exame também atestou a presença de espermatozoides no material biológico colhido da vítima. Outro procedimento detectou a presença de espermatozoides também nas roupas da mulher.
Os dois materiais biológicos foram encaminhadas ao Instituto de Pesquisa e DNA Forense (IPDNA) e serão confrontados com o material genético que foi colhido do investigado após sua prisão.
Denúncias
A primeira vítima, de 33 anos, disse ter sido molestada durante uma consulta de avaliação para realizar o procedimento de harmonização no rosto. Segundo a mulher, o dentista pediu que ela mostrasse todas as outras cirurgias estéticas que já havia feito.
Ainda de acordo com ela, após olhar todo o corpo da vítima, Najjar deu um tapa em suas nádegas. Depois, a agarrou e a estuprou.
Segundo a 5ª DP, o IML constatou que havia presença de vestígios de violência sexual e que o ziper da calça da mulher tinha sido arrebentado.
De acordo com a Polícia Civil do DF, Gustavo Najjar pediu para a vítima ficar dentro da sala de aula durante o intervalo do curso, para que ele pudesse avaliar uma cirurgia que ela havia feito nos seios. Ele informou, segundo a investigação, que a avaliação seria “estritamente profissional”.
No entanto, o dentista pegou o seio da vítima e passou a acariciá-lo. A mulher disse que tentou deixar a sala, mas foi impedida pelo dentista, que a segurou e tentou beijá-la. Ele só liberou a mulher quando ela disse que estava calma.
A terceira vítima que procurou a polícia tem 44 anos e disse ter sido abusada em 2020, no consultório de Najjar, durante um procedimento estético. Ela afirmou aos policiais que foi medicada para fazer um procedimento e ficou “lenta”.
De acordo com ela, o dentista também perguntou se ela tinha colocado silicone e se tinha ficado com alguma flacidez. A vítima disse que estava confusa com a medicação ingerida e não se recorda de como as coisas foram acontecendo, mas se recorda de estar em pé, em frente a um espelho, com o autor a abraçando por trás com as mãos em seus seios.
Outras quatro vítimas entraram em contato com a delegacia de forma anônima e não quiseram se identificar. Segundo o delegado, foram abusadas e não querem denunciar pois tem medo de “repercussão social, da família e profissional”.
“Mesmo assim procurem a delegacia, registrem ocorrência policial, façam a denúncia contra ele para estar reforçando e fortalecendo outras mulheres”, diz o delegado.
‘Modus operandi’
O dentista, de acordo com a polícia, não realizava mais consultas odontológicas, apenas procedimentos estéticos como harmonização facial. O delegado destaca que Gustavo Najjar tinha um modus operandi que se repetiu na maioria dos casos. Veja abaixo:
- O primeiro contato é realizado nas redes sociais.
- Depois, o dentista oferece uma avaliação e diz que vai encaixar em um horário na clínica. A consulta é marcada depois do último paciente e quando os funcionários já foram embora.
- Na avaliação para harmonização facial, ele pede para a mulher se despir para mostrar processo de cicatrização ou flacidez do corpo.
- Neste momento, ocorre o abuso sexual.
Prisão
O homem está na carceragem da PCDF. A prisão temporária vale por 30 dias, mas pode ser convertida para preventiva, sem prazo determinado.
Segundo o delegado, se o dentista for condenado pelas penas máximas dos crimes de estupro, estupro de vulnerável e importunação sexual, ele pode cumprir até 35 anos de pena.
Em nota, o Conselho Regional de Odontologia do Distrito Federal (CRO-DF) afirmou que repudia “qualquer manifestação de violência, sobretudo quando se trata de alegações de abuso sexual”.
O conselho informou ainda que não foi notificado oficialmente sobre o caso e que, assim que receber a notificação, “realizará a apuração minuciosa, rigorosa e imparcial dos fatos, assegurando aos envolvidos todas as garantias constitucionais e legais”.
Como denunciar violência contra as mulheres?
Fachada da Delegacia de Atendimento Especial à Mulher (DEAM II) — Foto: SSP-DF/Divulgação
A Secretaria de Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP) tem canais de atendimento que funcionam 24h. As denúncias e registros de ocorrências podem ser feitos pelos seguintes meios:
- Telefone 197
- Telefone 190
- E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br
- Delegacia eletrônica
- Whatsapp: (61) 98626-1197
O DF tem duas delegacias especializadas no atendimento à mulher (Deam), na Asa Sul e em Ceilândia, mas os casos podem ser denunciados em qualquer unidade.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também recebe denúncias e acompanha os inquéritos policiais, auxiliando no pedido de medida protetiva na Justiça.
Em casos de flagrante, qualquer pessoa pode pedir o socorro da polícia, seja testemunha ou vítima.
No Distrito Federal, existe o Programa Violeta, que é focado no atendimento de crianças e mulheres vítimas de violência sexual e estupro. O acolhimento é feito por uma equipe multiprofissional, composta por assistente social, ginecologista, psiquiatra, psicólogos, técnica em enfermagem e técnicas administrativa. O serviço é prestado no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
A Secretaria de Justiça e Cidadania também tem canais de denúncia de casos de violência contra a mulher. Há, por exemplo, o Centro Integrado 18 de Maio, que trata de ocorrências de exploração sexual de crianças.
O Conselho Tutelar também recebe denúncias de violação de direitos de crianças e adolescentes. Ainda há o Disque 100, que trata da violação de direitos humanos.
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM)
- Endereço: EQS 204/205, Asa Sul, Brasília
- Telefones: (61) 3207-6195 e (61) 3207-6212
Delegacia de Atendimento Especial à Mulher (DEAM II)
- Endereço: QNM 2, Conjunto G, Área Especial, Ceilândia Centro
- Telefone: (61) 3207-7391
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)
- Endereço: Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2, Sala 144, Sede do MPDFT
- Telefones: (61) 3343-6086 e (61) 3343-9625
Prevenção Orientada à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal
Centro Integrado 18 de Maio
- Endereço: SHCS EQS 307/308
- Telefone: (61) 2244 – 1512 e (61) 98314 – 0636
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Link original da notícia: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2023/09/21/laudo-do-iml-confirma-abuso-sexual-contra-vitima-de-dentista-preso-no-df.ghtml